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  • Foto do escritorJoão Neto

Rankeando todos os assassinos Ghostface de Pânico

Um ano atrás, a franquia Pânico fazia seu retorno aos cinemas com uma sequência-legado que trazia de volta não apenas o trio original mas uma nova geração de jovens para enfrentar o Ghostface - geração essa que trazia também consigo o peso de ser o rosto do futuro da série. Como é de tradição, um dos pontos mais importantes desses filmes é justamente o momento de revelação dos assassinos, algo que sempre engata em momentos icônicos como monólogos vilanescos, motivações absurdas, críticas à filmes de terror e muitas frases de efeito.


Agora, mais um filme chegou aos cinemas e aproveitando o timing, decidi rankear todos os assassinos da franquia Pânico, de acordo com o que acho de cada um deles. Os critérios estarão delimitados na descrição de cada posição e obviamente, é uma seleção particular e vocês podem discordar, assim como obviamente também terá spoilers de todos os filmes, incluindo o novo.


Vamos lá.


Lista atualizada em 09/03/2023, contemplando o sexto filme da franquia, Pânico VI.


 


Menção honrosa: Jason Carvey (Pânico VI, 2023)

"Fuck her. She gave me a C- in my giallo paper."

Existe um fio que conecta todos os assassinos masculinos dessa franquia que é a mais pura misoginia. Quando a chave vira e as máscaras caem, esses entusiastas de objetos cortantes expelem toda a fumaça tóxica que queimava em suas entranhas enquanto eles ainda precisavam esconder suas verdadeiras personas. Portanto, ao se revelar como Ghostface em cinco minutos de filme, não é de surpreender que sua personalidade seja mais um incel fissurado em giallos que matou a própria professora por que ela o reprovou. Seus planos de ir atrás das irmãs Carpenter para finalizar o filme de Richie são interrompidos quando um novo Ghostface o transforma em vítima da abertura enquanto vocifera: "Who gives a fuck about movies?".


O personagem também é uma piscadinha viva (mas não por muito tempo) à Sexta-Feira 13, afinal além de levar o nome do assassino da máscara de hóquei, ao chegar em casa após matar pela primeira vez, ele recebe a ligação do Ghostface enquanto assiste Jason Ataca Nova York (1989).



#9 - Charlie Walker (Pânico 4, 2011)

"Nobody cancels my Stab-a-thon."

Foi até difícil pensar em uma frase memorável desse personagem, tamanha a sua insignificância. A princípio, Charlie parece ser uma nova encarnação do Randy, também servindo como um grande suspeito ao longo da trama. Mas esse incel virjão constantemente intimidado pela gostosa (e mais inteligente) Kirby falha em demonstrar carisma e presença antes E depois da revelação. Ainda que seja o responsável pela morte brutal da Olivia, não resta muito pra se aproveitar desse minion patético da Jill e a coisa mais positiva em sua presença é que ele é eliminado cedo o suficiente pra deixá-la brilhar no terceiro ato.





#8 - Richie Kirsch (Pânico, 2022)

"How can fandom be toxic? It's about love!"

Ao contrário de Charlie, Richie é um bom personagem no filme. Servindo como alívio cômico e contando com o carisma de milhões do Jack Quaid, ele é um dos destaques do elenco, o que pode ajudar no elemento surpresa... mas é um péssimo Ghostface. Sem presença e sem atitude, Richie é completamente ofuscado pela sua parceira Amber, que curiosamente parece ser o músculo da dupla e assume a autoria da maioria dos assassinatos. Seu monólogo como um fã frustrado de Facada ainda é um dos pontos altos do filme (a citação acima é particularmente ótima), mas ele funciona melhor como um suspeito do que como um antagonista.



#7 - Roman Bridger (Pânico 3, 2000)

"Roman Bridger. Director. And brother."

Ninguém gosta de um retcon porco e é por isso que Roman, o único assassino solitário da franquia, é tão desgostado entre os fãs de Pânico. No terceiro filme, ele se revela não apenas como o novo Ghostface mas também como a mente por trás de todos os eventos anteriores. Meio-irmão perdido da Sidney e rejeitado pela mãe, ele começou a dirigir seu próprio "filme", influenciando Billy e Stu a matá-la e dar início aos eventos do primeiro. O maior problema é que Roman é um personagem tão avulso durante o filme inteiro que muita gente, em suas primeiras assistidas, sequer reconhece o cara ao ser desmascarado. Surpreendentemente, Roman tem um sólido terceiro ato em seu embate final com a Sidney, o que vale uns bons pontos, além de uma das melhores frases de efeito de killers da franquia ("final cut?" "I already have it").



#6 - Mickey Altieri (Pânico 2, 1997)

"Mickey, the freaky Tarantino film student."

O charme do Timothy Olyphant é o suficiente pra segurar a primeira reviravolta dessa sequência, mas o problema é que não passamos tanto tempo assim com o Mickey para ela ser eficiente. O personagem não se encaixa bem na dinâmica do grupo e está sempre pelas beiradas, mas sua revelação é divertida por ser um contraponto direto à do filme anterior. Mickey queria ser pego pois enxergava o potencial do circo midiático de seu julgamento. Seu plano era entrar pra história, utilizando a influência dos filmes de terror como defesa no tribunal. Visto que o roteiro deixa subentendido que ele já era um assassino ativo antes da Sra. Loomis atraí-lo para se infiltrar na vida da Sidney, é compreensível que notoriedade fosse seu objetivo. Claro que é tudo muito estúpido e o filme reconhece isso quando Debbie entra em cena e dispara vários tiros contra seu capanga. Mas convenhamos, fazer do assassino um grande fã do Tarantino é uma bandeira vermelha ainda mais relevante hoje do que foi em 1997.



#5 - A Família Kirsch (Pânico VI, 2023)

"Who gives a fuck about movies?"

Um marco inédito na franquia, pela primeira vez vemos um trio de Ghostfaces em ação e por mais que o próprio assassino e o filme insista que esse não é como os outros - no final das contas é sim. Por que não há nada mais primitivo do que a velha e clássica vingança familiar e assim como a Sra. Loomis em Pânico 2, aqui a família de Richie retorna para se vingar de Sam. Os fãs mais atentos poderão prever parte da reviravolta, afinal você nunca chega a ver a Quinn sendo morta, mas o que torna a presença da Família Buscapé psicótica particularmente especial (além do dinamismo que a formação de trio os dá) é que eles são um espelho para as relações e temáticas centrais de Pânico VI: família e lealdade. E assim como o Quarteto Top (ou The Core Four), eles estão protegendo uns aos outros. A intenção dos vilões é não apenas se vingar de Sam, mas destruir sua reputação e aflorar nela o instinto matador de seu DNA como filha de Billy Loomis para que ela seja de fato reconhecida como uma assassina. Pelo visto, só não imaginaram que isso se voltaria contra eles, afinal mais cedo no filme, Detetive Bailey jura vingança pelo (falso) assassinato da filha dizendo "you fuck with my family, you die" e recebe como resposta da Sam "agreed".



#4 - Amber Freeman (Pânico, 2022)

"Welcome to act three."

Curiosamente, Amber poderia ter caído na mesma armadilha do supracitado Mickey. É uma personagem que vemos pouco no filme e suas interações com o grupo de amigos são estranhas, grande culpa das reescritas do roteiro onde originalmente ela era namorada da Tara (Jenna Ortega). Mas há pontos essenciais para essa e-girl do 4chan se destacar tanto no ranking. Ainda que seja um pouco difícil de engolir a logística por trás de uma jovem tão pequena despachar tanta gente no filme (incluindo o Dewey), a brutalidade, ousadia e insanidade de Amber como Ghostface a torna uma ótima sucessora do Stu. Ela é responsável pela grande maioria das mortes do filme, seu Ghostface é escorregadio, cruel e calculista, mirando sempre na jugular pra vulnerabilizar suas vítimas e evitar grandes lutas. Sua cena de revelação é uma das melhores da franquia e a maneira que Mikey Madison brilha no terceiro ato, dando propósito e extrema atenção pra uma personagem que até então passava batido, é digna de admiração.



#3 - Debbie Salt / Sra. Loomis (Pânico 2, 1997)

"My motive isn't as 90's as Mickey's. Mine is just good old-fashioned revenge."

A citação acima é o exemplo perfeito de como a autocrítica é uma parte fundamental da franquia Pânico. Apresentar um primeiro assassino que se alinha perfeitamente com o que você espera desses filmes, para então desconstruir logo em seguida é o tipo de jogada motora que os tornam tão geniais. Se você não pode culpar os filmes pelos assassinatos, você pode culpar os pais. A Sra. Loomis não queria saber de metalinguagem pós-moderna, ela só queria matar a desgraçada que matou o seu filhinho ainda que tenha um quê de homenagem à outro ícone do horror: a Sra. Voorhees de Sexta-Feira 13. Há um brilhantismo na maneira que Laurie Metcalf incorpora essa desequilibrada de olhos esbugalhados, usando o terninho da Sueli de Tapas & Beijos, entregando cada fala afiada como uma faca ("was that a negative, disparaging remark about my son?"). É definitivamente uma das grandes performances do horror.



#2 - Billy Loomis e Stu Macher (Pânico, 1996)

"Movies don't create psychos, movies make psychos more creative!"

Eles foram o molde dos assassinos da franquia: carismáticos, gostosos e igualmente perversos. Há um motivo para que eles sejam os únicos killers da lista a serem colocados juntos na mesma posição [*trecho escrito antes do lançamento de Pânico VI]. Billy e Stu são simbióticos, nenhum outro par da franquia conseguiram emular a força e energia que eles tinham. Isso porque a codificação queer desses namoradinhos psicopatas explode química na tela, eles definitivamente estavam se comendo. Mas para além disso, também há uma inteligência na manobra que o roteiro faz ao despistar a previsibilidade, te fazendo questionar do seu próprio instinto e usando isso contra o público. Ao chegar no terceiro ato, é quase possível ouvir o Kevin Williamson rindo da sua cara ao revelar que você estava certo o tempo todo.



#1 - Jill Roberts (Pânico 4, 2011)

"I don't need friends. I need fans."

Kevin Williamson conseguiu superar seu próprio feito no original com esse aqui. A revelação da Jill não é apenas a mais surpreendente da franquia, é também um trabalho fino de subversão e crítica que se sustenta sólido e imbatível mais de uma década depois. Pela primeira vez na franquia, vemos o plano do assassino dar certo e temos um assombroso vislumbre dessa realidade (o roteiro original ia mais longe e terminava com ela se safando). O fator do choque não está só no fato de que Jill é a vilã com quem mais tivemos proximidade na franquia inteira (sua presença no filme beirando um co-protagonismo com a Sidney e indicando um passamento de tocha entre gerações de final girls), mas principalmente porque suas motivações ambiciosas e narcisistas prenunciam um comportamento definitivo para os anos que se seguiriam, sob influência da internet, redes sociais e exposição midiática, destacando uma visão afiada de Williamson como roteirista (e dela como antagonista). Ela não precisa de amigos, ela precisa de fãs!


 

Tem seu próprio ranking? Deixa nos comentários enquanto escuta nosso novo episódio debatendo Pânico VI (2023). Podcast disponível em todos os agregadores.




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