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  • Foto do escritorJoão Neto

[Crítica] Rua do Medo Parte 2: 1978 - Mais cruel e mais violento


Regra #1: A contagem de corpos é sempre maior. Regra #2: As cenas de morte são mais elaboradas. Mais sangue, mais violência. É o que sua audiência espera.

Quando Randy conta para o Dewey as regras de uma sequência em Pânico 2 (1997), ele acaba verbalizando algo inconsciente nos fãs de horror. Um filme de terror traz por si só uma experiência única a partir dos seus elementos, mas quando você decide fazer uma sequência (principalmente de um slasher), o jogo deve ser levado para outro nível. Esperamos mais sustos, mais mortes e mais violência. Embora o personagem de Jamie Kennedy não tenha vivido o suficiente para nos revelar as regras de uma pré-sequência, podemos assumir que são as mesmas. E se elas forem, Rua do Medo Parte 2: 1978 acertou em cheio.


Para o segundo capítulo da trilogia, que na verdade é uma prequel, voltamos algumas décadas até o Acampamento Nightwing onde, como já sabemos, foi palco de outro massacre da história de Shadyside. Sabemos que sua única sobrevivente (Gillian Jacobs) pode ser a chave para que os nossos protagonistas de 1994 acabem de uma vez por todas com a maldição de Sarah Fier, mas não temos todas as informações do que realmente aconteceu naquele verão fatídico de 1978 e o filme guarda suas surpresas.



Se no anterior, Leigh Janiak homenageou o legado de Wes Craven com toda a formulação Pânico, aqui ela mergulha de vez em outra escola do horror: os slashers de acampamento. Embora tenhamos um breve prólogo e epílogo que dá sequência aos eventos de 1994, o grande miolo de 1978 é focado em recriar a energia de filmes como Sexta-Feira 13, Sleepaway Camp e Chamas da Morte, talvez os maiores exemplares deste subgênero.


É no meio dessa amálgama de clichês que o roteiro do filme busca ampliar a mitologia de seu universo enquanto também tenta elevar o terror a outro nível. Se a ode aos slashers polidos dos anos 90 trouxe muitas facadas (e algumas perversas surpresinhas), aqui, Rua do Medo, não se envergonha em aumentar o grau de brutalidade igual os filmes que chocaram o governo Reagan. Com um machado em mãos, o assassino do filme, que pôde ser visto também em 1994, deixa corpos desmembrados pelo acampamento com mortes criativas e sangrentas (nem mesmo as crianças se salvam). Mas não se preocupe, nenhum ator mirim foi esquartejado na produção deste filme. Pelo menos, não de verdade.



Meu maior resguardo com 1978 a princípio foi que: não tem homens de cropped e short curtos o suficiente (isso é um pecado!). Em seguida, foi em relação a um subplot envolvendo duas personagens presas no subterrâneo do acampamento, algo que, ao meu ver, acabou engrenando o ritmo ágil e rápido que esse tipo de história pede. Ao assistir pela segunda vez, não me incomodou tanto, mas ainda é algo que poderia ter sido mais enxuto. Em compensação, na superfície, a ação é protagonizada pela excelente Sadie Sink (Stranger Things) que serve não apenas uma protagonista carismática mas uma postura incrível de final girl. Queremos ela em mais slashers!!!


Da trilogia, 1978 parece ser o capítulo mais coeso pois é o único que consegue sustentar-se só, apesar das conexões com a primeira parte. E talvez por isso, a energia dele seja diferente pois tudo pode acontecer, afinal, ele não é a nossa história principal. Se aproveitando disso, Leigh Janiak se sente livre para criar longas cenas de perseguição elaboradas (o terceiro ato são basicamente 30 minutos de correria e tensão sem pausa) e um clímax extremamente cruel que eu jamais imaginaria ver em uma adaptação de literatura infantojuvenil. Ainda que o roteiro continue teimosamente redundante (existe uma constante necessidade de repetir detalhes), ele acerta ao se arriscar e não ter medo de ser um verdadeiro slasher de acampamento, tornando-o não apenas uma ótima adição ao subgênero, mas um segundo capítulo sólido e brutal para a trilogia.


Rua do Medo: 1978 estreia na Netflix nesta sexta (9).


FEAR STREET PART TWO: 1978

EUA | 2021 | 110 minutos

Direção: Leigh Janiak

Roteiro: Zak Olkewicz, Phil Graziadei, Leigh Janiak

Elenco: Sadie Sink, Emily Rudd, Ryan Simpkins, McCabe Slye, Ted Sutherland, Gillian Jacobs, Kiana Madeira


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