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  • Foto do escritorPaulo Eduardo Garcia

Dia da caça, outro do caçador: maratonando os filmes da franquia Predador

Muitos anos se passaram desde que a equipe de resgate liderada por Dutch (Arnold Schwarzenegger) encontrou um terrível caçador alienígena numa floresta tropical no filme O Predador (1987). De lá pra cá, foram várias caçadas que resultaram numa franquia com três sequências, duas dobradinhas com Alien e na maravilhosa prequel lançada nesse ano, além de aparições da criatura nos games e quadrinhos.


Os Predadores (também chamados Yautjas) são uma raça de caçadores natos e detentores de tecnologia avançada — que envolve armas mirabolantes, visão em infravermelho e capacidade de camuflagem surpreendente. Toda a mitologia dessas criaturas gira em torno das caçadas esportivas que realizam viajando pelo espaço sideral e recolhendo troféus mórbidos de suas presas. As caçadas possuem regras rígidas e o resultado dessas empreitadas é responsável por consagrar ou desonrar esses extraterrestres.


Embora os filmes envolvendo os Predadores estejam pautados essencialmente no gênero da ação, a ideia de um alienígena caçando homens hipersexualizados em narrativas que também flertam com a ficção científica e o horror pode ter chamado a atenção de muitos gays trevosos ao longo desses 35 anos da franquia (e aqui eu me incluo). Somei a isso a empolgação causada pelo lançamento de Predador: A Caçada (2022) e decidi revisitar esse universo cinematográfico com todos os seus altos e baixos — sim, estou ciente e quero continuar. Como toda viagem intergaláctica fica muito melhor quando temos companhia, lhe convido a passar lama no corpo e se embrenhar nesse jogo de caça e caçador ao longo dos sete filmes que trazem a criatura de mandíbulas arrojadas realizando todos os tipos de atrocidades. Vai ser divertido!


 


O Predador (Dir: John McTiernan, 1987)


Dizem que tudo começou a partir de uma piada que rolava em Hollywood: a franquia Rocky estava se estendendo tanto que em algum momento o personagem teria que enfrentar um extraterrestre. É difícil ter certeza se a anedota chegou a ser uma inspiração real, mas uma premissa parecida foi desenvolvida pelos irmãos Jim e John Thomas que escreveram e venderam um roteiro para a 20th Century Fox, inicialmente chamado Hunter. O filme ganhou sinal verde do estúdio, foi rebatizado e logo passou a enfrentar alguns problemas de produção, como o design inviável do Predador que atrasou as filmagens e só vingou quando Stan Winston entrou na jogada, concebendo o caçador como o conhecemos hoje — aliás, uma curiosidade: as mandíbulas tão características foram sugestão de James Cameron. Outra mudança envolveu o ator que interpretaria a criatura: inicialmente seria Jean-Claude Van Damme, mas o desconforto gerado pelo traje o fez mudar de ideia. Além disso, embora o ator entregasse habilidades marciais, seu porte físico fazia o monstrengo parecer pequeno perto dos musculosos do elenco e o ator Kevin Peter Hall, com seus 2,18 metros, acabou sendo a escolha para habitar a pele do alienígena (algo que se repetiu no segundo filme da franquia).


A trama deste primeiro longa é simples: acompanhamos uma equipe de resgate liderada por Dutch, um veterano da Guerra do Vietnã, se aventurando nas matas da América Central. Quando corpos esfolados aparecem pendurados em árvores e os soldados começam a ser assassinados por uma ameaça aparentemente invisível, percebemos que algo não humano está à espreita. Aqui, descobrimos esse inimigo aos poucos, juntamente com as personagens: olhos brilhantes, planos subjetivos de visão em infravermelho, sangue verde fosforescente, detalhes da pele escamosa da criatura… Quando o Predador se revela por completo é catártico e, quando finalmente retira seu capacete, é um choque. Embora os personagens não sejam muito complexos e não executem arcos dramáticos muito arrojados (Dutch é apresentado como o fodão desde os minutos iniciais, por exemplo), é impactante quando a contagem de corpos vai aumentando, pois cada um consegue se distinguir o suficiente durante a narrativa para gerar o mínimo de empatia. Outro ponto alto do filme é a tendência quase fetichista em mostrar detalhadamente os músculos daqueles atores - sim, Predador sempre foi uma franquia gay!




Predador 2 - A Caçada Continua (Dir: Stephen Hopkins, 1990)


O filme se passa numa Los Angeles futurista (sete anos à frente de sua data de lançamento) que enfrenta uma onda severa de calor e um conflito entre gangues traficantes rivais. Desta vez, a caçada será na selva de pedra e Schwarzenegger passa a bola para Danny Glover que interpreta o tenente Harrigan. Nessa sequência (que se desenrola cronologicamente dez anos após os eventos do primeiro filme), o governo estadunidense já tem conhecimento da existência dos Predadores e, obviamente, quer capturar um espécime vivo. Claramente isso não se mostra uma boa ideia e resulta numa matança desenfreada.


Embora menos empolgante que o primeiro (e contendo um plot desnecessário sobre vodu), o filme tem pontos que se destacam na franquia, especialmente a sequência onde Harrigan adentra a nave alienígena, encontra os troféus recolhidos pelos caçadores (o crânio de um Alien já dá uma piscadela para o crossover que viria) e é presenteado simbolicamente com uma arma de fogo datada de 1715, estabelecendo que não é de hoje que os Yautjas realizam caçadas em nosso planeta (fato que é utilizado pela prequel como ponto de conexão entre os filmes). Ah! Outro detalhe SUPER importante para a mitologia da criatura: é nesse filme que descobrimos que os Predadores gostam de se alimentar de carne de vaca. Como diria o tenente Harrigan, você não pensou que eles seriam vegetarianos, pensou?



Alien vs. Predador (Dir: Paul W. S. Anderson, 2004)


Uma pirâmide construída por uma civilização ancestral é encontrada debaixo do gelo na Antártida e uma equipe de especialistas é reunida por um bilionário para realizar uma expedição e descobrir qual é o babado. As personagens se percebem no meio de um conflito milenar entre Aliens e Predadores e não demora para a matança começar. Existe todo um charme nas ideias ousadas e mirabolantes deste filme: enredos em várias partes do mundo, cenários faraônicos, sacrifícios humanos, rituais de iniciação dos Predadores e até mesmo uma Rainha Alien capturada para procriar sem parar. Para quem achou exagerado demais, só resta repetir as palavras de Glória Perez: pobre de quem não consegue voar.


Quem compra a ideia do diretor Paul W. S. Anderson, embarca num filme divertido e protagonizado por uma ótima final girl, Alexa Woods (Sanaa Lathan) — um dos pontos altos é justamente a cientista empunhando a cabeça de um Alien como uma arma numa sequência que parece mais uma segunda-feira normal para a personagem. A mitologia dos Predadores também ganha novas camadas: as criaturas caçam Xenomorfos — o que faz muito sentido se pensarmos que os Yautjas buscam os seres que encabeçam a cadeia alimentar e o Alien é basicamente uma monstruosidade evolutiva especializada em matar. Outra novidade é a aliança entre a protagonista e o Predador que lutam lado a lado contra a ameaça xenomorfa.


Algumas cenas são deliciosamente toscas — sim, estou falando do momento onde o arqueólogo consegue traduzir com tranquilidade a escrita de uma civilização desconhecida e nos explicar todo o enredo do filme. Camp. Outra sequência memorável são as crias xenomorfas mordendo a Rainha para que o sangue ácido da monstrenga derreta as correntes que a prendem e, assim, ela possa se libertar e tocar o terror - o que de fato acontece, pois a batalha final é realmente empolgante.



Aliens vs. Predador 2 (Dir: Irmãos Strause, 2007)


O filme anterior termina apresentando um híbrido entre as duas raças alienígenas (carinhosamente chamado por alguns de Predalien). A nova criatura nasce dentro de uma nave, extermina toda a tripulação de Predadores e acaba na Terra — mais especificamente numa cidadezinha do Colorado, interior dos Estados Unidos — onde rapidamente começa a empilhar corpos humanos e se reproduzir. Logo um novo Predador entra em cena e a cidade acaba sendo cenário do embate alienígena.


Sejamos sinceros: este aqui parece reduzir todos os acertos de Alien vs. Predador (2004). Uma versão bem menos gostosa do filme anterior. A megalomania de pirâmides na Antártida é ceifada e dá lugar a uma cidadezinha apática cheia de núcleos paralelos desinteressantes. As tramas são confusas e os diretores parecem tentar atirar para todos os lados, mas todos os tiros saem pela culatra. Destaco um momento envolvendo mulheres grávidas que poderia até ser eficaz em sua ousadia, mas nesse ponto já se criou tanto desdém pelo filme que apenas acaba se tornando uma tentativa ridícula de chocar, inovar e quebrar tabus. E o pior: o Predalien, que era para ser o coração dessa narrativa, é subexplorado. No fim, tanto faz que um híbrido alienígena está realizando uma chacina naquela cidade — apenas não nos importamos. Como se tudo isso não bastasse, o filme é tecnicamente ruim. De todos os elementos que deixam a desejar — e poderiam ser citados exaustivamente —, destaco a fotografia: as imagens são MUITO escuras. Sério, conheço dark rooms mais iluminados do que esse filme. São vários os momentos onde é difícil compreender a mais simples ação em tela: foram mais de 90 minutos tentando identificar borrões amorfos - algo que justifica absolutamente tudo sobre esse longa ser esquecido tão logo sobem os créditos finais. Quase como uma piada de mau gosto, lá pelas tantas da narrativa a cidade sofre um apagão - como se todas as fontes de luz já não estivessem desligadas até então.


Antes de começar essa maratona, lembrava muito vagamente que Alien vs. Predador tinha uma sequência. Revendo esse filme, entendo o porquê dessa lembrança nebulosa: se tratava de uma memória de guerra, algo que tentei por vários anos apagar do meu cérebro. Mas calma! Vai melhorar…



Predadores (Dir: Nimród Antal, 2010)


Aliens vs. Predador 2 (2007) flopou — não alcançou sucesso financeiro e nem de crítica. O jeito foi realizar um desejo antigo dos fãs da franquia: um terceiro filme solo do caçador. Para alegria de uns e frustração de outros, surge, em 2010, Predadores. No meu caso particular foi uma alegria, pois (ainda) gosto muito desse filme.


Inicialmente o longa seria dirigido por Robert Rodriguez (fã assumido da franquia), mas o cineasta acabou produzindo. Na trama, acompanhamos uma nova caçada nos moldes estabelecidos anteriormente, mas o babado da vez é que agora o cenário é um planeta alienígena, explorado pelos Yautjas como um parque de caça: a cada nova temporada, presas cuidadosamente selecionadas são soltas para a prática do esporte macabro. Nesse contexto, conhecemos um grupo humano diverso (pessoas de diferentes regiões da Terra e com perfis variados), mas com um aparente traço em comum: são "predadores" - soldados, mercenários, criminosos e por aí vai. O elenco conta com nomes como Adrien Brody, Topher Grace, Danny Trejo, Laurence Fishburne e Alice Braga.


Acredito que essa diversidade seja justamente um dos trunfos. De forma contrária ao que ocorre no primeiro filme, temos perfis de personagens bem distintos entre si e não apenas um grupo homogêneo que atende ao estereótipo do soldado. Lembra um pouco aquelas piadas de diferentes nacionalidades entrando num bar: é interessante acompanhar como o roteiro vai explorar as personalidades contrastantes e fazer com que as interações funcionem. Ao mesmo tempo que o filme resgata elementos nostálgicos da franquia, apresenta novidades, o que mantém o interesse. Gosto do conceito de diferentes espécies do universo sendo caçadas naquele mesmo planeta — embora isso seja muito pouco explorado. Em certo momento acaba rolando um embate Predador vs. Predador, o que também é empolgante e acrescenta novas camadas à mitologia.



O Predador (Dir: Shane Black, 2018)


Este aqui era o único título da franquia anterior ao lançamento desse ano que eu havia deixado passar batido, então assisti pela primeira vez nesta maratona. O motivo de ter ficado fora do meu radar? As poucas pessoas que vi comentando sobre o descreviam como a verdadeira morte do cinema (ou, pelo menos, da franquia Predador). Não que isso seja um impedimento para mim, mas o burburinho na época do lançamento foi tão inexpressivo que nem mesmo despertou a minha curiosidade. Dei play esperando um filme genérico ruim e acabei surpreendido (muito) positivamente. Aos fãs ferrenhos que já estão tentando descobrir meu endereço para enviar uma cabeça de cavalo, tenho argumentos. Primeiro de tudo: esse filme é de longe o ponto mais fora da curva de toda a franquia. A narrativa apresenta novas criaturas, explicações ousadas para antigas questões e também abraça descaradamente o humor num nível bem mais escrachado que as piadas pontuais em O Predador 2 (1990). Antes de ser uma carta de amor à franquia, esse filme é uma carta de ódio: debocha da própria mitologia e de seus personagens (mas com carinho). E o melhor: é divertido.


O filme pega carona na recente onda de reboots que não esquecem das franquias originais e apresenta uma trama que por si só já é uma confusão danada. Começa com a nave de um Predador sofrendo um acidente e caindo diante do atirador de elite Quinn McKenna (Boyd Holbrook) que tem contato com a criatura alienígena e guarda parte de sua tecnologia (mais especificamente, o capacete e o bracelete) como possíveis provas do ocorrido. Aqui a primeira loucura deliciosa: o personagem simplesmente envia pelo correio as armas avançadas e os objetos acabam parando na casa de sua ex-mulher e de seu filho Rory (Jacob Tremblay), um menino super inteligente e vítima de bullying. Enquanto o soldado acaba sendo rotulado de louco pelo governo com o objetivo de abafar o caso, o espécime do Predador é alvo de uma série de estudos — e para isso a bióloga Casey (Olivia Munn) é convocada. Eis que surge uma outra ameaça: um novo Predador (maior e anatomicamente diferente de todos os que vimos até então) que desembarca em nosso planeta para eliminar o seu antecessor - aparentemente um traidor da própria espécie que veio para cá compartilhar um segredo tecnológico com a raça humana. No meio dessa brincadeira de polícia e ladrão extraterrestre, entendemos que os Yautjas utilizam o material genético contido nos troféus que capturam nas caçadas para evolução e aperfeiçoamento da própria espécie, tornando-se híbridos (o que explica o novo Predador). O enredo das armas enviadas pelo correio? Pois é, o filhinho do protagonista não apenas compreendeu a tecnologia alienígena como também decidiu usar os objetos do Predador como fantasia de Halloween - para terror dos valentões que o perseguem.


Os absurdos desse filme são tão concentrados por minuto que chegou um momento onde passei a criar expectativas sobre quais seriam os próximos acontecimentos desvairados. Para se ter uma ideia, num certo momento um dos cães dos Predadores simplesmente vira mascote e defensor dos personagens humanos após levar um tiro — que tem o efeito de uma lobotomia. Destaco também o comentário ácido sobre o estereótipo dos soldados—- basicamente, os personagens mais recorrentes de toda a franquia. Nesse filme, a equipe humana que irá enfrentar os Predadores não é formada por militares ao estilo Schwarzenegger, mas sim por um bando de azarões afastados de suas funções por razão de seus problemas psicológicos — só para citar alguns, temos um portador de síndrome de Tourette que fica repetindo palavras e frases inadequadas; um obcecado pela Bíblia; um suicida; um piadista infame que atirou na própria equipe; e por aí vai. O mais engraçado é que esse grupo é formado por alguns dos personagens com os quais mais me importei ao longo dessa maratona. Outra escolha bacana é o pequeno Rory McKenna estar dentro do espectro autista - e ser considerado pelo Predador o guerreiro mais equivalente.


Um detalhe curioso é o diretor Shane Black ter interpretado um dos soldados no filme de 1987, o que deve ter aumentado as expectativas dos fãs para o retorno da franquia aos seus primórdios. O irônico é que o cineasta faz justamente o contrário e decide tornar essa experiência a mais inesperada e profanadora da mitologia original — com direito ao idioma das criaturas sendo traduzido e até mesmo alguns diálogos ocorrendo entre elas. No geral, até entendo a frustração de quem acompanha Predador desde quando tudo era mato, mas vamos abrir nossos corações — pode ser surpreendentemente divertido!



O Predador: A Caçada (Dir: Dan Trachtenberg, 2022)


Após O Predador (2018) ser considerado por muitos O PIOR FILME DA HISTÓRIA, parecia uma péssima ideia produzir mais alguma coisa envolvendo a franquia. Mesmo assim, mais uma tentativa foi feita antes dos aparelhos serem desligados — desta vez de forma mais modesta, com um lançamento direto para streaming. Assim, somos transportados para as Grandes Planícies do ano de 1719 onde Naru (Amber Midthunder), uma guerreira Comanche, almeja ser uma grande caçadora e conquistar os méritos apenas reservados aos homens de seu povo. Na jornada para realizar sua primeira caçada, os caminhos da protagonista e do Predador acabam se cruzando — e acompanhamos uma das primeiras visitas do caçador à Terra.


Este filme merece todos os elogios que vêm recebendo. Eficiente desde os primeiros minutos, está sendo responsável por renovar uma franquia que (como percebemos ao longo dessa maratona) teve vários momentos de instabilidade. É simplesmente incrível como, mesmo numa narrativa segura onde podemos prever todos os acontecimentos desde o início, somos transportados para uma viagem empolgante e satisfatória em vários níveis. Muito disso é resultado da direção excelente de Dan Trachtenberg, mas transborda para diversos outros aspectos da obra: roteiro assertivo, atores em ótimas performances e um visual deslumbrante (só para citar alguns elementos). Além disso, O Predador: A Caçada é um exemplo orgânico de representatividade que sabe aplicar com carinho essa questão na narrativa, mas também no seu contexto de produção: Jhane Myers, a produtora, é Comanche e o filme inovou ao apresentar a opção de ser assistido dublado no idioma indígena na plataforma Hulu.


Embora a franquia Predador tenha outras personagens femininas fortes (como a já citada Alexa Woods), é a primeira vez que um arco narrativo é tão bem desenvolvido para uma protagonista — a jornada de Naru pode até mesmo ser lida como um coming of age. O roteiro também é assertivo ao trazer comentários sobre colonialismo ao longo da trama. Talvez lidar com um caçador alienígena não seja uma novidade tão impactante para povos originários — afinal, eles já precisam vivenciar a violência e a selvageria propagadas pelos colonizadores brancos. Interessante também como os conhecimentos indígenas não são mostrados como “primitivos” diante da tecnologia do Predador: numa sequência paralela em particular, tanto o alienígena quanto Naru tratam seus ferimentos com o que possuem disponível (o monstro utiliza sua tecnologia extraterrestre e a protagonista, seus remédios naturais), transmitindo uma sensação de equiparidade. Outro paralelo que a narrativa explora é a comparação entre as caçadas realizadas pelos Predadores e pelos colonizadores — esportiva ou com fins econômicos (como o comércio de pele), ambas representam algo profano aos valores do povo Comanche.


Por boa parte do filme, o Predador não enxerga Naru como uma ameaça — ela é invisível para o monstro. O cinema em geral — e, mais especificamente o gênero de ação que estamos tratando aqui — também faz isso: mulheres não são relevantes o suficiente para terem suas narrativas contadas e, quando aparecem em tela, acabam servindo ao olhar masculino. Ao trazer um protagonismo feminino e indígena, o filme mostra que, sim, ainda existe muita coisa refrescante (e por que não original) para ser contada no cinema, basta darmos espaço para novos — e até então negligenciados — pontos de vista.


 

Depois de tantas caçadas só me resta dizer que foi divertido acompanhar os rumos diversos que a franquia tomou ao longo desses 35 anos (mesmo passando por alguns momentos de turbulência) e é fascinante como Predador voltou a estar em alta após o fantástico último lançamento. Aos que sobreviveram até aqui, compartilho meu ranking de todos os filmes (do pior ao melhor): 7º - Aliens vs. Predador 2 (2007); 6º - O Predador 2 - A Caçada Continua (1990); 5º - Alien vs. Predador (2004); 4º - O Predador (2018); 3º - Predadores (2010); 2º - O Predador (1987); 1º - O Predador: A Caçada (2022).


Que venham mais caçadas em momentos históricos diversos e que elas sejam acompanhadas de mamacitas tão cativantes quanto Naru, a girlboss que surpreendeu a todos com sua machadinha e com a capacidade de ressuscitar franquias.


 

Ouça também nosso episódio sobre O Predador: A Caçada, disponível em todos os agregadores de podcast.


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