[Crítica] Mamãe: Sandra Oh não salva terror sobrenatural batido
No novo filme da Sandra Oh, uma mulher lida com uma maldição hereditária enquanto enfrenta seu medo crescente de se tornar a própria mãe coreana. Se você acha que estou falando de Turning Red, errou por pouco! Na verdade, essa também é a premissa de Mamãe (Umma), novo terror sobrenatural produzido pelo Sam Raimi que também tem Oh lidando com temáticas semelhantes. Porém, mesmo com gêneros diferentes, apenas um deles é realmente eficiente na proposta. E não é o caso desse aqui.
Caminhar por território familiar nunca foi um empecilho na hora de fazer um filme, especialmente de terror e Umma, cujo título original significa "mãe" em coreano, risca várias caixinhas batidas do sobrenatural. Oh estrela como Amanda, uma imigrante cuja infância traumática fez com que ela se isolasse em uma fazenda sem eletricidade dos Estados Unidos, onde vive uma vida tranquila com sua filha adolescente Chris (Fivel Stewart) gerenciando um negócio de apicultura.
Sua tranquilidade é ameaçada quando ela recebe as cinzas de sua mãe distante, que faleceu na Coréia. A partir desse momento, Amanda começa a reviver seus traumas enquanto sente a presença da falecida ao seu redor. Seu comportamento faz com que ela encare um dos seus maiores medos: virar a sua própria mãe.
Esse pesadelo parental se aproveita da dinâmica principal para explorar os caminhos que o trauma pode deixar nas próximas gerações de família, enquanto como filme, introduz certos elementos da cultura coreana para enriquecer a trama sobrenatural. Infelizmente, falta visão e profundidade em uma história pautada principalmente em relações humanas. O roteiro apressado nem sequer bate 80 minutos de duração, sem os créditos iniciais e finais, nunca se permitindo passar tempo suficiente com suas personagens para de fato transformá-las em pessoas críveis. Obviamente sobra muito pouco para Oh e Stewart construir em cima, por mais que elas se esforcem (e Oh principalmente se esforça muito).
Ele também falha em explorar a complexidade que existe nas entrelinhas, como a distância da Amanda com sua própria cultura e a relação inexistente de Chrissy com sua ancestralidade. Tudo chega a ser unicamente pincelado mas essas dinâmicas demandam mais do que apenas uma mão para serem decodificadas e exploradas propriamente. Um diálogo próximo ao fim envolvendo Amanda e o fantasma de sua mãe dá um vislumbre do que ele poderia ser, como se o filme tivesse sido construído em volta dessa cena, mas sem a mesma eficácia.
Portanto, por mais que a estreante Iris K. Shim tente infundir força em seu material, um roteiro raso, mas de alguma maneira estufado de jumpscares ineficientes, somado a uma direção pouco inspirada minam as chances de Mamãe e seus personagens irem mais fundo no que eles queriam dizer. No final das contas, esse é mais uma história que você já viu contada várias vezes, de maneiras melhores.
UMMA
EUA | 2022 | 83 min.
Direção: Iris K. Shim
Roteiro: Iris K. Shim
Elenco: Sandra Oh, Fivel Stewart, Dermot Mulroney, Odeya Rush
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