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  • Foto do escritorJunno Sena

[XVII Fantaspoa] Carrie, a estranha, está diferente em Trans

Atualizado: 12 de abr. de 2021



Como compreender um mundo que não te compreende? Mude. Ou mude-o. Em uma trama brilhante e inconstante como sinapses em um cérebro confuso, Trans (2021) questiona os princípios da natureza humana, até onde ela pode ir e os mistérios que ela guarda. Nele, Minyoung se encontra perdida e sem respostas quando, após uma noite que não tem memórias sobre, um colega de escola é encontrado morto.


Mas, o que parece uma trama simples, vai além disso. A sinopse oficial do filme pinta o longa como uma trama de vingança, depois de Minyoung ser alvo de bullying, humilhação e abusos de um grupo de garotos da escola. O que Trans, carrega de fato, é uma trama bem elaborada, mas que derrapa na execução, sobre transhumanismo, eletricidade e um constante medo do desconhecido.


Para isso, ele abraça a confusão do seu próprio roteiro. Mesmo com um propósito claro, a edição do filme é o que mais incomoda. Passado e presente se confundem facilmente enquanto loops temporais e de realidade vão construindo a trama. É como um espelho da mente fragmentada de Minyoung, que tenta encontrar respostas e, em diversos momentos, deixa claro: “Não consigo entender”.


E com o olhar assustado e confuso para seu mais novo amigo, a garota tenta compreender o inexplicável: “Como se tornar algo além do humano?”. A procura incessante por um lugar no mundo por Minyoung é apenas uma válvula de escape para os constantes abusos que a garota sofre. Com poucos amigos, sem os pais e vivendo os dias entre depressão e distúrbios alimentares, ela só quer uma saída para os seus tormentos.



Infelizmente, se as motivações são bem construídas e em diversos momentos, o espectador consegue se encontrar tão investido na trama quanto a protagonista, Trans peca em não investir em body horror. A maquiagem, mesmo não deixando a desejar, perde em constância e intensidade. Além disso, em alguns momentos, a sua necessidade de se explicar e construir cenas high tech quebram a premissa principal do filme.


Que, queira ou não, é compreender os mistérios, não da humanidade, mas de Minyoung e o que ela deseja atingir quando transcender a sua condição de humana. O roteiro de Naeri Do consegue colocar todos esses pormenores em evidência. Diferente de filmes como Lucy (2014), que também permeia esses temas, o gênero e o constante silenciamento da personagem é essencial para o desenvolvimento de quem ela é, ou imagina ser.


Mesmo que Trans deixe a desejar em alguns aspectos, é um filme para dar uma chance. Como mulher, diretora e roteirista coreana, Naeri Do traz uma perspectiva interessante para um tema que está constantemente na mídia coreana, o bullying e as dinâmicas escolares.


Trans e muitos outros filmes fazem parte do XVII Fantaspoa, totalmente online e gratuito, disponível na plataforma Wurlak.


TRANS

Coréia do Sul | 2021 | 93 minutos

Direção: Naeri Do

Roteiro: Naeri Do

Elenco: Jeongin Hwang, Kyungho Yoon, Taeyoung Kim


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