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  • Foto do escritorJoão Neto

[Crítica] Tem Alguém na Sua Casa é um empolgante slasher da nova geração



Quando o quarterback homofóbico se tranca ao invés de fugir, segundos antes do título Tem Alguém na Sua Casa aparecer sarcasticamente em letras garrafais na tela, imediatamente podemos observar algo que está intrínseco no novo renascimento dos slashers. Com digitais remanescentes da era Pânico, a autoconsciência e uma boa dose de revisionismo estão se estabelecendo como marcas para o slasher moderno, que não tem exatamente um estilo característico que o limita, mas que o permite ser mais plural do que nunca. Por isso, temos não apenas novos capítulos de pilares do gênero, mas apostas originais como Freaky (2020) e a trilogia Rua do Medo (2021) cujas ótimas recepções só evidenciam a sede que tínhamos pelas boas e clássicas matanças.


Esse comeback nos últimos anos não se limita apenas ao cinema (e televisão), mas também à literatura. Seja em "As Sobreviventes" de Riley Sager, "The Final Girl Support Group" de Grady Hendrix, "Clown in a Cornfield" de Adam Cesare ou "Tem Alguém na Sua Casa" de Stephanie Perkins, cuja adaptação estreia hoje na Netflix. A trama adolescente coloca os jovens de uma pequena cidade do Nebraska na mira de um assassino que expõe seus piores segredos antes de assassiná-los, usando máscaras personalizadas dos rostos de cada uma de suas vítimas.


Nossa protagonista, Makani (Sydney Park), se mudou do Havaí após um evento traumático que a coloca como um dos alvos em potencial do assassino. Não ajuda também estar tendo um caso secreto com o garoto-problema da cidade, que também é um dos suspeitos principais segundo a escola. Portanto, temos todas as chaves para um bom e divertido whodunnit adolescente nos moldes de Pânico, o que Tem Alguém na Sua Casa faz muito bem em sua primeira hora, que beira um slasher perfection.



Sempre armado de um afiado humor — seja o cartão de "Melhoras" no memorial do estudante morto ou a ligação da líder de turma racista para a polícia —, o roteiro de Henry Gayden aliado à direção de Patrick Brice (dos ótimos Creep) acertam no ritmo ideal através de doses de coming-of-age e empolgantes sequências de terror (destaco a chase-scene da festa) que aproveita todo o fator sinistro das máscaras. Juntos, eles vão se crescendo, criando uma energia cada vez mais envolvente que infelizmente o terceiro ato não consegue manter e elevar como poderia.


A reviravolta final nem chega a ser exatamente um grande problema visto que faz sentido por questões lógicas, mas a execução do clímax é desapontadora por subaproveitar personagens e cometer um pecado dentro do subgênero: SUBAPROVEITAR UM MILHARAL EM CHAMAS. Se até então, o filme parecia entender a importância de criar sequências de perseguição, aqui ele resolve tudo da maneira mais simplista, sumindo com personagens e indo direto ao ponto. Levando em conta o alto número de sobreviventes, é uma pena que o roteiro não tenha ao menos tentado nos provocar e usar contra nós o apego que criamos com eles até aquele momento.


No entanto, Tem Alguém na Sua Casa brinca com clichês clássicos do subgênero e reconhece que estamos em um momento diferente onde personagens que antes eram marginalizados e subaproveitados nesses filmes agora podem (e devem) ter mais espaço. Ainda que a conclusão o impeça de se tornar algo ainda mais memorável, esse empolgante slasher adolescente oferece o suficiente para que você cheque mais uma vez se sua porta está mesmo trancada.


 

THERE'S SOMEONE INSIDE YOUR HOUSE

EUA | 2021 | 96 minutos

Direção: Patrick Brice

Roteiro: Henry Gayden

Elenco: Sydney Park, Théodore Pellerin, Asjha Cooper, Jesse LaTourette, Diego Josef


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