top of page
  • Foto do escritorJoão Neto

[Crítica] Shadow in the Cloud é uma zona, no melhor sentido da palavra

Atualizado: 17 de fev. de 2021

Se você seguia as contas certas do film twitter, pode ter se deparado ano passado com uma curiosa cena estrelada pela Chloe Grace Moretz, caindo de um avião e sendo impulsionada de volta pra ele com a explosão de um SEGUNDO avião logo abaixo. Sim, essa cena é real e faz parte de Shadow in the Cloud, um projeto que tinha todos os elementos para ser um desastre mas em meio aos acertos e tropeços conseguiu a façanha de ser facilmente um dos filmes mais divertidos do ano.


Comandado pela neozelandesa Roseanne Liang, o filme poderia facilmente cair no clássico "é tão ruim que é bom", mas não é exatamente o caso dele. Há de fato pontos muito positivos nessa mistura de filme de guerra com terror no espaço. A primeira metade da obra, focada no embarco da piloto Maude Garrett (Chloe Grace Moretz) em uma aeronave militar cuja tripulação é formada inteiramente por homens, é executada de uma maneira deliciosamente inusitada e claustrofóbica. A personagem, uma estranha no ninho em plena Segunda Guerra Mundial, carrega uma maleta com documentos ultrasecretos e causa desconfiança na equipe. Sem espaço (ou talvez, apena por birra), é despejada para o posto de artilheira na torre inferior, uma esfera externa transparente na parte de baixo do avião para melhor visão dos alvos.



Esse primeiro ato é construído inteiramente em volta da Garrett, que é interrogada pela equipe através do sistema de comunicação da aeronave, mas só vemos ela. Dessa maneira, o roteiro constrói não só o cenário apenas na oratória, como também introduz os coadjuvantes e por último, prepara o suspense para o que está por vir. Afinal, esse não é um simples filme de guerra.


Presa na esfera, Garrett presencia duas coisas: um avião inimigo que pode estar espionando-os para um possível ataque e uma criatura bizarra andando no casco do avião. Alvo de agressões misóginas por parte da equipe que tenta a todo custa desacreditá-la, Garrett tem a missão de proteger o seu pacote misterioso e de sobreviver ao ataque eventual dos japoneses e também à criatura que os espreita.


Nem sempre a mistura de todos esses elementos (e mais algumas surpresas que o filme reserva) funciona, mas a real é que o entertainment value de Shadow in the Cloud é gigantesco e isso fica claro em cada detalhe acertado ou, aparentemente, errado dessa produção. Até mesmo o estranho miscast da Chloe Grace Moretz, que nunca chega a convencer de fato na sua personagem embora esteja bem esforçada, parece funcionar visto que há algo de muito certo nesse errado. Afinal, seria divertido ver uma outra atriz com uma descrição mais apropriada da personagem e um bom sotaque britânico no meio disso tudo? A graça está nos detalhes.



Quando a coisa toda estoura na segunda metade, o filme chega a níveis tão INSANOS de ação desenfreada, como a Chloe Moretz pendurada de cabeça pra baixo na lataria do avião, ou a Chloe Moretz caindo e sendo jogada de volta por causa da explosão do avião debaixo, ou a Chloe Moretz caindo no soco com a criatura, que a única coisa que você tem que fazer é esquecer coesão e leis básicas da física e se divertir.


Com uma minutagem curta de apenas 83 minutos, Shadow in the Cloud tenta condensar todos esses elementos e o resultado pode ser imperfeito, mas que é um baita entretenimento com total senso do seu ridículo, é. É o tipo de "relâmpago numa garrafa" que poucos projetos tem a chance de reproduzir, até porque não é todo filme que tem a Chloe Grace Moretz descendo o cacete num gremlin, certo?


SHADOW IN THE CLOUD

EUA | 2020 | 83 min.

Direção: Roseanne Liang

Roteiro: Roseanne Liang, Max Landis

Elenco: Chloe Grace Moretz, Nick Robinson, Taylor John Smith, Callan Mulvey, Beulah Koale


0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page